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Promovendo saúde física e mental, o projeto de extensão Brazilian Jiu-Jitsu: Arte Suave na UFRN retornou às atividades no último dia 13 de setembro, depois de passar um semestre parado. Coordenado pela professora Edna Rangel, da Escola de Ciências e Tecnologia, o projeto contempla cerca de 60 alunos, entre pessoas vinculadas à UFRN (estudantes, servidores, terceirizados) e a comunidade externa, contando com a colaboração de dois professores voluntários: Marcus Vinicius, idealizador do projeto, e Everton da Silva Rocha.
O Brazilian Jiu-Jitsu é um estilo que adapta a tradicional arte marcial de origem japonesa que utiliza golpes de alavancas, torções e pressões para levar o oponente ao chão e dominá-lo. Dessa forma, uma pessoa menor, mais magra e teoricamente mais ‘fraca’, pode derrotar alguém mais forte e maior, conforme explica a coordenadora: “Só força não faz de você um bom atleta de jiu-jitsu”.
O Arte Suave na UFRN tem como função social fundamental reunir amantes da arte marcial, que se ajudam em suas dificuldades físicas, emocionais e pessoais. Faz isso auxiliando, em equipe, atletas do projeto a participarem de competições e atendendo pessoas em fragilidade econômica, através de oficinas sobre regras do jiu-jitsu, comportamento no tatame e estilo de vida.
As aulas acontecem na sala de lutas do Ginásio Poliesportivo, às terças e quintas, das 18h30 às 20h. Para se inscrever, os interessados podem comparecer a uma das aulas e conversar com algum dos professores sobre como proceder. A participação no projeto é aberta para qualquer pessoa que tenha interesse em praticar o esporte e é preciso ter um kimono.
Histórico
O projeto teve início em 2008, quando o então graduando Marcus Vinicius, dono da academia de jiu-jitsu Kimura House, fazia o seu TCC para o curso de Educação Física da UFRN, tendo como tema os benefícios físicos e mentais do jiu-jitsu para as pessoas que o praticam. Ele apresentou o projeto na Cientec daquele ano e, a partir daí, começaram a praticar na UFRN, numa sala do ginásio da Universidade, de forma extraoficial.
Somente em 2019 o projeto foi cadastrado na PROEX, sob a coordenação de Edna. A mudança foi motivada pela necessidade do projeto ser oficializado para que pudessem realizar eventos e campeonatos, planos que foram interrompidos no começo da pandemia, mas que ainda estão no radar do projeto para o futuro.
A professora conta que durante todos esses anos os treinos do projeto nunca pararam, acontecendo mesmo nos períodos de recesso, férias acadêmicas e na pandemia, quando as aulas eram dadas ao grupo através do Google Meet. De suas casas, os participantes faziam meia hora de preparação e uma hora de treino. Isso ajudava o grupo a lidar com a ansiedade, depressão e demais dificuldades vividas no isolamento social.
No entanto, mesmo com o retorno das atividades presenciais na UFRN no primeiro semestre de 2022, os treinos foram suspensos devido à indisponibilidade da sala utilizada para as aulas. A situação foi resolvida para este semestre com a troca de horário habitual do projeto.
Arte que trabalha corpo e mente
O jiu-jitsu é um esporte que trabalha corpo e mente em equilíbrio. Se por um lado é uma atividade física que pode trazer benefícios como emagrecer e definir o corpo, ele também ajuda no autocontrole emocional e da ansiedade, na disciplina e no autoconhecimento. Conforme a professora explica, a arte suave é “um estilo de vida que busca formar o cidadão completo dentro e fora do tatame”, trabalhando o ser na sua totalidade e preparando-o para a vida. Respeito e disciplina são princípios do jiu-jitsu e, para Edna, o tatame é um local de caráter e educação física, mental e espiritual.
Discentes da UFRN que participam do projeto relatam que melhoraram o desempenho nos estudos por conseguirem se organizar melhor e otimizar o tempo. Para Diego Sales, formado em Matemática pela UFRN que participa do projeto desde 2015, “ali era um espaço não apenas de treino, mas também de meditação, no qual trocava energias negativas por positivas. Tudo isso foi muito importante para que conseguisse me formar em Matemática no ano de 2019 e conseguir ser laureado. Devo muito disso ao projeto”.
Por ser uma arte marcial que prioriza a técnica e não necessariamente a força, o jiu-jitsu também pode te preparar para se defender em situações de risco. A professora Carolina Soeiro foi uma das alunas que entraram no projeto com esse objetivo. “Conheci o projeto na época do mestrado. Estava procurando uma atividade física que fosse compatível com a minha personalidade e que também me desse algum tipo de defesa, já que algum tempo atrás eu tinha sofrido assédio na rua”, conta ela.
Para Fábio Éris, ex-aluno do curso de Ciências e Tecnologia, o jiu-jitsu o ajudou na socialização dentro e fora da universidade. “O projeto foi de extrema importância para mim tanto no quesito esportivo quanto no quesito social, pois à partir do arte suave, consegui amizades que me acompanham até hoje”.
Por fim, Edna resume o Brazilian Jiu-Jitsu como uma forma de resgatar vidas, mostrando às pessoas o valor que elas têm, trabalhando com quem quer melhorar e tornando o humano mais humano.