Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN desenvolve ferramenta de previsão de contaminação pelo COVID-19

Batizada de Monitorização Epidemiológica Massiva - MEM, ferramenta visa otimizar infraestrutura de saúde, principal desafio no enfrentamento do novo vírus.
Escrito por: Ascom/ECT | Publicado em: 1 de abril de 2020

Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil confirmou, através de nota do Ministério da Saúde, o primeiro caso do novo coronavírus no país, na cidade de São Paulo/SP. Desde então, com o avanço da pandemia para outros estados do país, esforços nacionais, públicos e privados, estão voltados para o desenvolvimento de soluções que atenuem o Covid-19. Entre os resultados dessa força tarefa está a ferramenta Monitorização Epidemiológica Massiva – MEM, cujo objetivo principal é fornecer informações estratégicas que auxiliem em tomadas de decisão preventivas para os sistemas de saúde. Coordenada pelo físico Efrain Pantaleón Matamoros, da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a ação encontra-se disponível a população por meio de projeto de extensão da Universidade, através do endereço osinal.ect.ufrn.br.

Com base em modelos matemáticos e em técnicas de mineração de dados, a partir de informações individuais da população, a ferramenta pode monitorar diferentes doenças de forma massiva. Para o usuário, a MEM pode oferecer informações que orientem o atendimento médico mais próximo, caso necessário.

Contudo, a ferramenta se diferencia ao fornecer relatórios inteligentes para a gestão de diferentes níveis hierárquicos no sistema de saúde. Dentre os tipos de doenças que podem ser detectadas está SAR2/Covid-19. A MEM pode identificar e localizar, de forma georreferenciada, indivíduos incubadores da doença, o que viabiliza prevenir sua transmissão. De acordo com Pantaleón, a ferramenta se distingue pelo seu caráter preditivo, o que viabiliza ações localizadas e otimiza a infraestrutura de saúde – o grande desafio no combate a pandemia no novo coronavírus.

Esforço Inventivo Interdisciplinar

Sob a coordenação do professor Pantaleón, a ideação da ferramenta Monitorização epidemiológica Massiva – MEM teve a colaboração da farmacêutica e pesquisadora em saúde coletiva Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA – UFRN, e da médica cubana Dianelys Pantaleón O’farrill. O desenvolvimento contou ainda com a participação voluntária de outros 17 pesquisadores, entre graduandos, cientistas, engenheiros, economistas e matemáticos.

A metodologia do trabalho está baseada nas determinações do Ministério da Saúde sobre vigilância epidemiológica. De acordo com o professor, todo o processo é realizado com o uso da tecnologia da informação, como inteligência artificial e mineração de dados para emissão dos relatórios gerenciais aos níveis hierárquicos dos sistemas regionais e nacional de saúde. 

Através da mesclagem de ferramentas de processamentos de sinais, medicina e áreas da física, a equipe pretende implementar o conceito de Epidemiologia 4.0 no Rio Grande do Norte, tendo em vista que a MEM atua na coleta de dados de várias doenças. 

No caso específico do vírus Covid-19, a ferramenta irá ajudar na identificação dos indivíduos que têm sido infectados mas ainda não tem sintomas, assim como aqueles que têm um potencial de transmissão da doença. Com base nos dados obtidos, a equipe também é capaz de fazer simulações de quantos leitos de Unidade Intensiva de Tratamento (UTI) podem ser necessários. 

Sinergia para o enfrentamento da pandemia Covid-19

Assinado por 50 cientistas, incluindo um grupo vinculado à Organização Mundial da Saúde – OMS, estudo liderado pelo Imperial College de Londres estima que o Brasil pode registrar até 44,2 mil mortes, caso o país estabeleça regime de distanciamento social intensivo. Diante de nenhuma ação de isolamento social, encampando a imunização orgânica do ciclo viral, o país pode registrar mais de 1,15 milhão de mortes devido à Covid-19.

De um extremo a outro de ações de enfrentamento da pandemia, os impactos socioeconômicos são profundos, comparados a cenários de guerra. Desde o registro do primeiro caso no Brasil, o país iniciou uma corrida por soluções que atenuem os efeitos socioeconômicos da pandemia. Nessa direção, várias unidades acadêmicas da UFRN tem aportado esforços no desenvolvimento de tecnologias de enfrentamento ao Covid-19. Em sinergia com essas iniciativas está a ferramenta Monitorização Epidemiológica Massiva, desenvolvida pela Escola de Ciências e Tecnologia.

Para mais informações:

Efrain Pantaleón Matamoros – epantaleon@ect.ufrn.br