Palestra: Necroalgoritmização e dimensão discursiva da IA

A Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ECT/UFRN) realiza a palestra Necroalgoritmização e dimensão discursiva da IA: desafios para o ensino. O evento será realizado no dia 18 de setembro, às 14h, no auditório D da ECT. A programação inclui também o lançamento da obra Necroalgoritmização – Notas para definir o racismo algorítmico.

A ação tem o objetivo de promover uma reflexão crítica sobre os impactos da Inteligência Artificial (IA) na sociedade, discutindo como os algoritmos moldam práticas discursivas, influenciam relações sociais e podem reproduzir desigualdades estruturais. Além disso, busca fomentar o debate sobre o papel da educação no enfrentamento do racismo algorítmico e na construção de práticas de letramento digital.

Na ocasião, Júlio Araújo, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), apresentará o Triângulo Discursivo da Textualidade Algorítmica (TDTA). Trata-se de uma metodologia que propõe a análise de três dimensões em qualquer interação digital: o texto-prompt (entradas dos usuários), o texto-algoritmo (processos invisíveis de interpretação) e o texto-resposta (saídas discursivas produzidas pela máquina).

Júlio ressalta que pensar em justiça digital no Brasil exige compreender o contexto social e histórico em que essas tecnologias estão inseridas. “Os algoritmos não operam no vazio, mas, em um país marcado por desigualdades raciais e sociais estruturais, se não forem questionados criticamente, tendem a reproduzir e até a ampliar hierarquias históricas”, destaca.

Araújo defende que compreender a IA como discurso permite identificar padrões de exclusão e de desigualdade, além de oferecer caminhos para práticas pedagógicas e sociais que promovam maior equidade e justiça digital. “Os algoritmos não são apenas ferramentas técnicas, mas textos invisíveis que carregam valores, ideologias e formas de controle”, afirma.