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A ferramenta de gerenciamento de avaliações usada por diversos departamentos da Universidade completa, hoje, um ano do lançamento de sua versão atual. Com seu início em 2011, trouxe a ideia de automatizar avaliações para turmas grandes na realidade da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT). O Multiprova, que até a segunda versão era utilizado para provas em papel, traz muito mais praticidade na hora de aplicar, monitorar e corrigir provas, agora de forma online.
Sua equipe é composta pelos professores André Bessa (ECT), Diego Silva (ECT), Gustavo Leitão (IMD) e Rex Medeiros (ECT), além de contar, também, com oito programadores e um especialista em experiência de usuário. A partir de 2018, com financiamento da ECT, foi possível aumentá-la para o começo de uma versão totalmente nova.
A primeira versão conta como um aprendizado, já a segunda executou mais de 120 mil provas entre 2014 e 2020. A terceira atualização – que teve seu lançamento adiantado para atender as necessidades do ensino remoto – foi posta em produção para uso somente na UFRN. Nesse um ano de atuação, mais de 190 mil provas foram respondidas.
André Bessa conta como foi a experiência de desenvolver este projeto, “Foram muitos os desafios. Tínhamos uma equipe de desenvolvimento e, de repente, precisamos acumular também a parte de infraestrutura, comunicação e suporte. Tudo foi feito simultaneamente. Considero o oferecimento de uma plataforma como o Multiprova como um grande feito.”, disse.
Dentro da UFRN, a ferramenta obteve um crescimento expressivo em menos de um ano. Segundo dados fornecidos pela própria equipe, até setembro de 2020, apenas 223 professores fizeram login no Multiprova; em dezembro, 1.102 e, agora, são 1.640. Vale lembrar que, de acordo com dados do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos – SIGRH, a UFRN dispõe de 2.589 docentes.
Novas funcionalidades
Depois de um ano sendo utilizado no ensino remoto da UFRN, algumas novas funcionalidades foram acrescentadas à plataforma. Agora é possível realizar reabertura de prova, correção no gabarito, anulação de questões, validação de envio das respostas, histórico de respostas, compartilhamento e anonimização da prova. Uma reformulação completa da interface está sendo feita com o objetivo de melhorar a experiência do usuário, em especial, dos estudantes.
Essas implementações têm sido feitas com base no feedback dado por professores e discentes. André menciona a importância de ouvir o que os usuários têm a dizer sobre a plataforma, o que falta e o que pode ser melhorado. Principalmente da parte dos estudantes, que correspondem a 95% do público do Multiprova.
Nesse sentido, os próprios bolsistas que integram a equipe de desenvolvimento têm sido muito importantes nessa comunicação entre usuários e desenvolvedores. É o caso de Antony Lemos, estudante de Tecnologia da Informação, que participa da equipe principal desde outubro e também utiliza a plataforma em suas aulas. Ele conta que a visão diferenciada como desenvolvedor e estudante tem ajudado muito, principalmente durante o ensino remoto. “Não é só um trabalho de alunos e eles coordenando por cima. Na verdade, é um trabalho como um todo”, disse. Ele destacou a praticidade e a ótima performance do Multiprova.
Projetos parceiros
Além disso, a plataforma já se expandiu para além dos muros da UFRN. Professores de instituições como a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal da Paraíba (UFPA) e o Departamento de Estatística – UFF a têm utilizado em suas atividades de ensino. No caso do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), essa experiência está mais próxima de uma parceria institucional. Recentemente, o projeto também firmou um convênio com a Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
Uma grande parceira é a Comperve, que proporcionou à equipe do Multiprova a experiência de desenvolver o PICCO (Plataforma Integrada de Concursos da Comperve). Esta é uma ferramenta de gerenciamento e organização da criação de provas para concursos, que serve para digitalizar o fluxo atual envolvendo professores elaboradores, revisores de conteúdo, revisores pedagógicos, editores e diretores. Uma alternativa eficiente para evitar fraudes.
Outro parceiro é a Escola Multicampi de Ciências Médicas da UFRN. Segundo Diego Silva, professor da ECT e vice-coordenador, um dos desafios é trazer a avaliação OSCE (Exame Clínico Objetivo Estruturado) para o Multiprova, de forma que essa avaliação seja mais prática para todos os envolvidos. “Isso trará vantagens pois a digitalização da metodologia OSCE simplificará sua operação e ampliará suas possibilidades, permitindo que ela seja utilizada com mais frequência nas disciplinas da área da saúde, seja no contexto presencial, seja no contexto remoto.”, explicou.
Outras possibilidades
Além de criar um sistema robusto que seja ideal para a aplicação de avaliações, a ferramenta permite outras possibilidades como traçar o perfil educacional dos estudantes da UFRN e a geração de dados educacionais – o que facilita a implementação de metodologias de ensino personalizadas. Essas funcionalidades podem ser essenciais para a realização de pesquisas educacionais e utilizadas como um forte medidor da qualidade do ensino, de modo a serem aplicadas em outras instituições.
“Terá sido uma pequena contribuição da nossa equipe para o processo de ensino-aprendizagem no que diz respeito à digitalização de processos tradicionais de avaliação”, explicou André Bessa. Segundo ele, esta pode ser uma ferramenta de forte contribuição para o avanço do sistema de ensino-aprendizagem local. “Como professor de Física, sei que minha principal contribuição será nesse outro front, mais abstrato, da orientação do aprendizado.”, concluiu.
Expansão e novos planos
Em fase de expansão, não apenas para outras instituições de ensino superior, mas também para escolas de níveis mais básicos de ensino, o projeto tem buscado estabelecer novas parcerias que garantam que a ferramenta continue evoluindo. Uma das parcerias já garantidas é com a SEDIS, que proporciona a integração do Multiprova com a plataforma Mandacaru (Moodle acadêmico da UFRN). Há outras instituições interessadas fazendo testes, mas que ainda não estão oficializadas.
Um dos próximos passos nessa expansão é a disponibilização da ferramenta para outras escolas do estado, de modo que possa contribuir com melhorias no ensino público. “Para dar o devido retorno à sociedade, é preciso fazer o Multiprova chegar a outras universidades públicas e escolas. Estamos preparados em termos de código para essa expansão”, diz André, lembrando que todos os investimentos na plataforma até o momento têm sido feitos por entidades públicas como a própria UFRN e a CAPES.
Diego Silva fala sobre como isso poderia ajudar a direcionar novas políticas públicas de educação. “Se você identifica que uma região do Rio Grande do Norte é mais carente, as notas são menores e você consegue traçar o desempenho dos alunos por assunto e identificar deficiências pontuais, então você tem subsídios para definir uma ação corretiva para atacar o problema”, diz o professor. Dessa forma, o compartilhamento de questões entre professores lotados em diferentes regiões do estado permitiria a difusão de boas experiências de gestão e avaliação. Há ainda a possibilidade de utilizar o Multiprova na aplicação de exames regionais ou simulados, que possam ser feitos antes de provas como, por exemplo, o Enem.
Entre outros planos no radar de atualizações do projeto, está a implementação de metodologias de ensino advindas de pesquisas em educação e de teorias que tenham foco nos processos de avaliação. Um exemplo disso é a própria digitalização do método OSCE, utilizado em turmas de medicina, citada anteriormente. É possível esperar também a inserção dos monitores na ferramenta, para que eles possam auxiliar na elaboração de questões e correção das provas.
“Passado um ano, temos um Multiprova muito mais robusto para atender as demandas da comunidade acadêmica”, explicou André sobre a capacidade do sistema de realizar as exigências da universidade. “Eu espero que o Multiprova atinja sua maturidade nos próximos anos, com a retomada das versões de provas em papel, os aperfeiçoamentos necessários, os novos tipos de prova e tudo mais”, concluiu.