Recentemente, a Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ECT/UFRN) sediou o primeiro Workshop de Astronomia e Astronáutica. O evento reuniu profissionais de todo o país e estudantes de diversos níveis para uma troca de conhecimento intensa e imersiva, representando um marco para a UFRN. Organizado pelo projeto de extensão Cometa Nordestino e o Time de Astrofísica e Exoplanetologia (TITAN), o Workshop ofereceu palestras, oficinas, minicursos, exposição de experimentos e sessões de planetário para os participantes.

O evento, que ocorreu nos dias 29 e 30 de maio, teve 331 estudantes inscritos, além de 3 escolas convidadas (o Instituto Sagrada Família e a Escola Estadual Professora Zila Mamede de Natal e a Escola Municipal José da Costa Medeiros do município de Japi/RN). As atividades que foram desenvolvidas ao longo do Workshop representam um modelo das missões do Cometa Nordestino nas escolas do ensino básico. Durante os 2 anos e 6 meses de existência, o projeto visitou 45 escolas de 35 cidades dos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Ceará, atendendo diretamente cerca de 20 mil estudantes. Difundir o conhecimento científico para alunos dos ensinos médio e fundamental, não apenas estimula a curiosidade e o interesse por áreas científicas e tecnológicas, como também os aproxima da universidade.

“O projeto é importante tendo em vista essa necessidade que a sociedade tem mostrado, de vocacionar cientificamente os nossos jovens. Temos uma carência gigantesca, em termos de mercado de trabalho e ingresso na universidade, em carreiras ligadas a ciências e tecnologia”, revela o professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS-BA) e coordenador do projeto no polo Feira de Santana, Marildo Pereira.

Um dos objetivos do Cometa Nordestino, no âmbito da extensão no Brasil, apontado por Selma Vieira, coordenadora do projeto no polo Instituto Federal da Bahia (IFBA), é o incentivo à presença feminina na pesquisa científica, especialmente no nordeste do país. A iniciativa, chamada “Meninas na Ciência”, integra um movimento que visa o combate ao estereótipo e promove igualdade de gênero.

A extensa e dinâmica programação do workshop contou com oficinas e exposição de experimentos que promoveram a troca de conhecimentos e estimularam a criatividade dos estudantes. As oficinas ofereceram atividades práticas como a montagem de foguetes com garrafa PET, a criação de uma miniatura 3D do céu, explorações sobre a expansão do universo e a construção de um espectrógrafo caseiro.

Alguns destaques da programação foram as palestras ministradas pelos professores Leonardo Almeida, Rodrigo Holanda, Lucia Silva e Leo Medeiros, todos da UFRN, e pelo Paulo Poppe da UEFS-BA. Além das palestras, o evento contou com duas mesas redondas que abordaram os desafios e perspectivas no setor aeroespacial brasileiro e na popularização de ciências no Brasil.

Trajetória e expectativas para o futuro

Ao ser questionado sobre a próxima edição do evento, o professor e coordenador do projeto, Leonardo Almeida (UFRN), fala sobre o futuro do programa de extensão após o encerramento do financiamento concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele destacou de que forma a carência de investimentos pode impactar na realização de novos grandes projetos e eventos como o Workshop. “A gente vai manter as nossas atividades, principalmente recebendo escolas aqui, na ECT. […] A gente precisa de mais suporte e de mais apoio, não só da universidade, mas também das agências de financiamento nacionais”, afirma.

O projeto é fruto de uma paixão antiga pela Astronomia, que acompanha o professor Leonardo desde 2002, quando iniciou a graduação em Física na Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi nesse período que teve contato com um grupo de professores e pesquisadores ligados à Astronomia, o que marcou o início de sua trajetória na área.

Oficializado em 2022, após aprovação em edital do CNPq, o projeto Cometa Nordestino deu início às suas atividades com a missão de levar Astronomia e Astronáutica a diferentes regiões do nordeste. Seja realizando eventos externos à universidade ou visitando comunidades e escolas públicas, não há dúvidas de que rastros desse Cometa foram deixados naqueles que tiveram a oportunidade de explorar esse universo de descobertas.